quarta-feira, 29 de maio de 2013

TEMPO PARA...

      Há pouco tempo postei alguma coisa sobre a síndrome da segunda-feira. Não lembro exatamente o que eu disse mas algo sobre as semanas passarem voando e eu mal ter tempo de refletir sobre isso. Também lembro de ter falado algo sobre a necessidade de sentir "saudade" da sala de aula ou pelo menos, "desejo".
     Depois de um maravilhoso feriadão que só foi interrompido no sábado de manhã devido a uma aula que eu precisava dar, consigo até encontrar as forças e a motivação necessárias para começar uma nova semana. Aqui estou eu, domingo à noite, há poucas horas do início de mais uma maratona. E é justo nessas horas que eu percebo que esse é o sentimento certo: estou consideravelmente mais descansada para encarar o que vem pela frente e por isso me sinto ainda mais confiante sobre a decisão de trabalhar menos. 
      Estava pensando em coisas que eu gostaria de fazer durante a semana e que eu considero trabalho. Não ter tempo para fazer isso revela algo de muito errado sobre a nossa rotina de professor:
      - ler algum livro da área
      - começar a "xeretar" possibilidades de um mestrado na área para começar no ano que vem
      - melhorar meu próprio Inglês e ampliar meu vocabulário
    - analisar meus grupos de forma individual e propor exercícios específicos que  auxiliem nas necessidades que eles apresentarem
      - explorar outros nichos da minha área (aula de Português? tradução? revisora ou até mesmo colaboradora para uma publicação? - são respostas que só começam a surgir quando "nos damos" o luxo de ter um "tempinho livre". 
        Sem esse ócio, sem esse tempo vago entre as aulas vejo um grande perigo. Não acho que o maior perigo seja não conseguir respostas para os questionamentos. O grande perigo é que sem tempo, não há perguntas, não há reflexões, não há ideia do todo, não há evolução. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

CARTA DE ALFORRIA



De aniversário, decidi me presentear com o presente mais bem-vindo nesse momento e de valor inestimável. O valor financeiro provavelmente poderia ser contabilizado: se trata de alguns mil reais mas vale a pena. Decidi que quero reduzir minhas horas em sala de aula de 35  para 23. Quando paro para pensar que estou em sala de aula por 35 horas por semana, eu vejo que isso nem é tanto assim e eu sei que muitos de vocês, professores, passam até mais tempo ainda em sala de aula. Mas quanto a mim, eu tenho a sensação de que estou em sala por umas 50 horas e não sei como os demais conseguem essa proeza. É um mistério! Daí penso, então, qual é o MEU problema? Como eu já disse em outro post, deve ter a ver com o fato de eu estar ligada a 55 volts no que se refere a preparar minha aula, por exemplo. Nem todas atividades relacionadas as línguas e até mesmo ao ensino me esgotam tanto. Estar em sala de aula, sim.

Porém, eu acho que é uma fase da minha vida. Estou sentindo a necessidade de ficar mais sozinha e fazer "minhas coisinhas", estudar, não usar tanto a minha voz, e pensar em outras alternativas. A possibilidade de trabalhar menos parece mesmo ter chegado na hora certa. O plano A era trabalhar muitas horas esse ano, economizar ao máximo e começar um projeto novo de vida ano que vem. Mas não vai ser possível levar esse plano adiante e é aí que apareceu meu plano B. Sabe aquela sensação de alívio, de perceber o quanto isso era necessário, que vem apenas depois que uma grande decisão foi tomada?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

AMIGUINHOS NA GRAMÁTICA

Ainda falando de diagnósticos, algo que eu acho muito importante é o trabalho de detecção de dificuldades comuns do grupo. Dois dos meu grupos de adolescentes tem 15 e 16 alunos cada. Um número consideravelmente maior do que eu gostaria com o qual acharia ideal trabalhar. Mas se esses são os limões que me foram dados, vou procurar fazer o que estiver ao meu alcance para que saia uma ótima limonada disso.
Um momento importante de análise é quando tenho as provas de todos eles e me ponho a identificar quais são os erros mais recorrentes. Em uma prova de passado simples que fiz com esses dois grupos, percebi ainda vários erros bobos em uma das questões. A questão se tratava de um texto com lacunas que deveriam ser completadas com a forma correta dos verbos fornecidos numa baixa. Nossos alunos estão tão acostumados a preencher lacunas feito robozinhos, a não precisar pensar, somente seguir modelos, que quando deparam com exercícios que exigem um pouco além disso, acabam dando respostas sem sentido. Muitas vezes, respostas que contradizem aquilo que eles já demonstraram saber nas demais aulas. Percebi que precisava de um plano B para que eles percebessem que "I went to the basement to DID the laundry" se trata de um desses assassinatos da linguagem humana. Sim, porque vai além de assassinar apenas o Inglês.
    Falei, brincando com eles, até mesmo porque vários fizeram o mesmo erro, que aquilo foi quase um enfarte para mim. Pensei então numa forma mais concreta e visual de expor essas conexões gramaticais impossíveis de fazer. Desenhei então um coração partido no quadro com vários elementos que não se encaixam: TO + verbo no passado; DIDNT + verbo no passado. Nos dois grupos, alguns alunos comentaram: "mas professora, você não mostrou isso antes da prova!" Por  um lado, esse comentário comprovou para mim que os alunos precisam de menos explicações e mais esqueminhas práticos. Uma parte de mim pensava: "é verdade, eu poderia ter falado disso antes..." mas outra parte pensava: "será que isso não é sinal de que tem algo muito mais grave por tras? Se eu preciso até explicar que to não é usado com did, então tem muuuito mais coisas que eu deixei de explicar porque pra mim são o óbvio do óbvio. Dá um pequeno desespero la por dentro quando esses erros colossais sem pé, braço, cabeça e barriga aparecem. Mas o que interessam são as estratégias não é mesmo? Então é isso, vou continuando com a minha missão de instigar o raciocínio lógico (que ainda acredito ser a chave do sucesso) mas vou procurar intercalar com joguinhos de repiticao e coracoes partidos no quadro. Na medida que eu encontrar outros atalhos que estimulem mais sinapses do que o meu bla bla bla, continuarei postando. 

domingo, 26 de maio de 2013

MINA DE INSPIRAÇÃO



   De natal ganhei um livro chamado Soulpancake. Seria difícil descrever do que ele se trata mas acho que as palavras "fun, entertaining, random" definem a idéia do livro melhor do que outras palavras em Português definiriam. O tipo de livro que passar pelas páginas e observar os títulos e imagens já é uma terapia. Li o livro inteiro e descobri que há um site baseado no mesmo espírito do livro: reflexões sobre as grandes questões da vida. O tipo de filosofia da mais trivial à mais profunda. 
    Claro que dei um jeito de unir o útil ao agradável, ou seja, dei um jeito de usar esse site nas minhas aulas. Minha ideia surgiu porque esses dias um dos meus alunos manifestou o desejo de escrever sobre algum tópico mas disse que as sugestões de writting do livro não animavam. E, de fato, muitas vezes esse é um grande problema: a falta de motivação para escrever. Para eu ter demorado tanto para escrever um blog é porque escrever, para mim, é o exercício muito trabalhoso. Meu clique foi usar esse site como "gatilho" e inspiração para que os alunos desse grupo pudessem encontrar um tema que realmente despertasse o interesse deles. Sou da opinião que aquilo que não é relevante na nossa lingua materna também não é relevante em qualquer outro idioma. A "alma do negócio" é fazer com que o aluno se sinta engajado para se expressar. Gosto da ideia de oferecer várias opções de escrita e eles próprios decidem o que os atrai mais. E ideias é algo que não falta nesse site.

sábado, 25 de maio de 2013

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA



   Que grande bobagem e que engano achar que ser um bom profissional é manter distância e ser frio. Bem, se existir um contexto em que isso seja uma realidade... a sala de aula não é um deles.

http://www.youtube.com/watch?v=SFnMTHhKdkw

   Assistindo a uma palestra do TED com a educadora Rita Pierson, ouvi uma citação que vai ficar gravada na minha mente por um bom tempo: "Nenhuma aprendizagem significativa pode ocorrer sem um relacionamento significativo." (James Cornor)Gasto horas da minha carreira pensando em estratégias, qualidade dos livros didáticos, atividade de revisão de conteúdo, músicas, etc. Quando na realidade, tudo isso só irá fluir e ter algum apelo aos nossos alunos, a partir daquele clic que conseguirmos causar, aquela química, quando finalmente o canal de relacionamento é aberto e o mundo passa a ter outra cor para o aluno. Podemos comparar com uma história de amor que parece ter o ritmo devagar-quase-parando quando aquele fator da química ainda não é realidade. Pode haver flores, ligações telefônicas, altos esforços mas quando ainda falta um algo a mais, falta tudo.
   A relação ensino-aprendizagem também é jogo de conquista. Vejo que qualquer outro investimento na eficácia de uma aula pode representar trabalho em vão se não houver uma relação afetiva que dê sentido ao processo como um todo. Aquela história do balde furado ou de dar murro em ponta de faca. E nesse quesito, acho que estou me permitindo a ganhar um chacoalhão. Por muito tempo quis ser respeita pela minha rigidez e o grau de exigência das minhas aulas. E acho mesmo que temos que aproveitar ao máximo o potencial que dispomos de tempo, recursos e capacidade / disposição dos alunos. Mas primeiro é necessário conquistar a confiança e a admiração deles ao invés do medo. Uma vez rompida essa barreira, creio que temos terreno para começar a plantar algo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ORDEN(S)



   Identificar problemas é uma arte. Sem essa capacidade, nos vemos feito baratinhas tontas, tentando concertar todos os furos e tapar buracos de forma temporária. Um trabalho que nunca termina e às vezes algumas medidas simples na metodologia fazem as aulas fluírem mais tranquilamente. Algo que tenho aprendido é que os alunos esperam receber ordens, eles estão acostumados a serem mandados. E por mais que a gente gostaria de pensar que os hábitos de estudos adquirido por eles deveriam ser autônomos, isso está pouco perto da realidade. Já é um sonho se tratando de adultos, quem dirá de adolescentes. 
     Por isso, tenho procurado estipular objetivos, tarefas mais palpáveis. Então, em vez de dizer: "estudem os verbos dessa unidade", estou fazendo algo mais concreto com todas as minhas turmas de básicos. Entreguei uma lista de três páginas de verbos (regulares e irregulares) em ordem alfabética e disse a eles que essa seria a lista de verbos que eu esperava que eles saibam até o final do semestre. Entendo que essas medidas precisam ser equilibradas com incentivos à autonomia também. Mas não custa nada esclarecer objetivos e mensurar resultados. Acho importante o próprio aluno poder ter a noção do quanto já sabe em Inglês, o que se espera que saiba, quanto ainda falta para chegar lá... E tenho feito menção à essa lista aula pós aula, vira e volta eles estão consultando. Eu me sinto mais segura e firme em relação àquilo que posso/devo cobrar deles. Eles também.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

ALGUMA COISA ACONTECE QUANDO...

   

     ... tem alguma coisa desse gênero envolvida na história: 
           JOGO 
             COMPETIÇÃO
                   DESAFIO
                        BALAS
                           MÚSICA
   
    Quando mais cedo percebermos que é dessa forma que conseguimos corpos e mentes presentes na aula, melhor. Já comentei que pela minha natureza mais nerd e tradicional de ser, é uma grande tentação resistir a tudo isso e achar que é uma bobagem. E eu concordo que faz parte do nosso trabalho treinar e estimular o nosso aluno ao pensamento abstrato e a se auto-ajudar para aprender alguma coisa mesmo quando não pareça tão divertido. Às vezes tenho a sensação de que hoje há uma cobrança e expectativa cada vez maiores para que o contexto de aprendizagem seja fantástico, colorido, mágico e indolor. Isso é uma mentalidade extrema muito perigosa que acarretará numa geração de estudantes mimados e mal-acostumados. 
   Mas não estamos aqui pra falar de exageros e sim, de equilíbrio e bom senso. No último post, falei sobre as limitações da abordagem de regras de regras no estilo tradicional. Creio que a abordagem explícita de regras é importante e não deixa de privilegiar vários de nossos alunos que possuem, sim, uma capacidade decente de abstração. Mas o que eu tenho pensado ultimamente é que ao invés de martelar muito no princípio que governa um certo uso da língua, talvez surta mais resultado, martelar na repetição e familiarização do aluno com esses usos. Ou seja, ao invés de, sempre insistir na mesma tecla de que o auxiliar para he/she/it é does, talvez seja mais eficaz enfatizar o uso na prática através de vários contextos: jogos que contemplem o uso repetitivo de uma certa estrutura, uma música que os alunos gostem cujo refrão tenha o does e se repita ao longo da música, etc.
    Pensei numa atividade com a sala divida em duas equipes estilo mistura quebra-cabeça e jogo da memória. O quadro seria divido em duas colunas. A primeira coluna teria vários cartões de papel com começo de sentenças/perguntas viradas para baixo, ou seja, cartões com a parte escrita do lado de dentro. Os alunos escolheria os cartões sem saber o que está escrito como um jogo da memória. A segunda coluna teria vários cartões de papel com possíveis continuações das sentenças/perguntas da primeira coluna. Nessa atividade o objetivo seria: encontrar a segunda metade correta para a primeira metade da sentença/pergunta + explicar porque a junção das duas partes é/não é possível. Ex.

  WE DIDN'T           +             STAY THERE.    

     A equipe deve dizer se essas partes podem formar uma frase e por que. Para esse exemplo diriam que a frase possui um auxiliar de passado + um verbo na forma base. (Bem, hehe provavelmente eles irão usar outras palavras.) 

  DID YOU           +             STAY THERE. 

    Já nesse caso se trata de um auxiliar que indica pergunta. Uma vez que a segunda parte não apresenta o ponto de interrogação, essa junção não é possível.

   A equipe poderia fazer: 1 ponto quando conseguir formar sentenças/perguntas, 1 ponto quando souber traduzir (independente de a junção das partes ser possível ou não), 1 ponto se souber explicar porque é possível ou não juntar as partes. Essa se trata de uma atividade bem focada na estrutura gramatical mas com a vantagem de que os alunos vão se sentir muito mais motivados a "investigar" cada caso.  Poderíamos achar que o mesmo resultado seria obtido se simplesmente estivéssemos, nós, lá na frente do quadro escrevendo frases e fazendo perguntas. Com certeza não. Alguma coisa acontece quando, com o nosso jeitinho talentoso, conseguimos transformar uma sessão de bla-bla-bla em jogo. Talvez um jogo seja a forma que um aluno (principalmente adolescente) pelo menos em algum momento assuma o papel da responsabilidade que ele deveria ter durante todo o resto da aprendizagem. 



quarta-feira, 22 de maio de 2013

I'M NOT UNDERSTAND WHAT I STUDYING


   
    Querido(a) professor(a) de Inglês!
 
   Cá entre nós... não conto para ninguém mas me diga: Qual é a sensação que você tem quando depara com um frase do tipo dessa que dá nome ao post? Te dá um calor no corpo, uma vontade de gritar, chorar ou jogar as mãos para o céu? Ou de repente você seja o tipo de professor que eu almejo ser: sem julgamentos, sem choques, sem revoltinhas. Talvez você pensa: ok, vamos ver o que temos que fazer em relação a isso. 
   Esse é só um exemplo de erro por parte dos alunos que nos faz definitivamente pensar: da onde que eu começo? Ensinando o passado para minhas turmas de básico 3, também tenho notado uma tendência muito frequente de dizer: "I wasn't go to school", "I not go to school","I didn't went to school". Claro que existem erros e erros e muitos deles seguem um raciocínio lógico. Mas  eu confesso que algumas frases que vejo por aí parecem ter sido feitas através de um jogo de letrinhas. As palavras são sacudidas num saco e jogadas na mesa. Do jeito que elas caíram na mesa, assim fica a frase.  
   Com uma frase do tipo: "I wasn't go to school", minha tendência natural é dizer: "Seguinte, não dá pra usar o wasn't nessa frase porque o wasn't é o passado do verbo ser/estar (nem digo verbo to be porque ja acho que essa menção está muito viciada). Se você usar o passado do verbo ser nessa frase, ela ficaria: eu não estava ir para escola. Ta certo isso?" Mas às vezes temo que apesar de toda a saliva que gastamos (não é pouca realmente), na cabeça do aluno, nossa explicação é um "bla ble blu ble blo bli". E, inacreditavelmente, nem sempre por falta de interesse da parte deles. Simplesmente, a realidade é que uma grande parte dos alunos parece não chegar à conclusão sozinhos de que quando dizemos "eu fui à escola", que esse verbo fui é passado do verbo ir. Isso tudo é tão abstrato para eles e ao mesmo tempo tão concreto, tão simples para nós, que é difícil saber onde é que erramos. 
    A questão não é que não explicamos o número suficiente de vezes que "D-I-D é um aaaauxiliar, que NÃAAO tem correspondente em Português e que WAS/WERE são verbos no passado." Tenho certeza que todos nós estamos carecas de repetir isso mas sem perceber muita diferença. Queríamos ser uma "mosquinha" na cabecinha do nosso aluno para saber o que passa la dentro e como ele recebe essa informação que achamos que já está sendo exposta de forma tão simples não é? Pois bem, só podemos concluir que repetir essas explicações não está dando certo, esse não é o caminho para uma grande parte dos nossos alunos. E insistir num erro e acreditar que a insistência num método vai produzir um acerto, é entrar num barco furado. Aliás... está aí uma boa descrição da sensação de ineficácia de um método: tentar encher um balde de água que está furado. É extremamente cansativo, o trabalho não acaba nunca, e você sabe que o trabalho é em vão. No próximo post  vou tentar apresentar uma ideia alternativa de trabalhar esses conceitos tão abstratos.

   

terça-feira, 21 de maio de 2013

FAZENDO DIAGNÓSTICOS



Eu me sinto um pouco doutora Kellermann quando deparo com problemas e seus respectivos sintomas em sala da aula e preciso pensar na melhor forma de solucionar esse problema. Tenho que admitir que sempre foi uma tentação para mim, pensar que nossa missão como professores é encontrar “A” forma mais eficiente de ensinar e “tcharãn”... daí em diante , só alegria, e tratar de aplicar o método (tratamento) com todas as nossas turmas (pacientes). Só que... nem a medicina é uma ciência exata, já disse meu médico hoje mesmo. Como é que, então, podemos esperar que aprender uma nova língua seria algo cheio de garantias. Fiz Letras mas às vezes eu acho que tenho um lado meio científico e racional demais em mim. Queria muito pensar que dar aula é como seguir uma receita de um bolo em que se tem os produtos certos na medida certa, temperatura compatível, manipulação adequada dos ingredientes. Daí vejo que até sob as condições ideais, eu sou mestre na arte de fazer bolos desastrosos. Como então poder ter controle de um processo tão menos previsível como aprender uma nova língua?
Em primeiro lugar, é muito fácil, nos pegar preparando aulas baseadas na nossa forma de aprender, gostos, preferências. Damos ênfase em aspectos da língua que entendemos como mais relevantes e se dedicamos mais tempo numa atividade, ou numa certa explicação, é porque há um motivo por trás disso. Felizmente ou infelizmente, minha forma de aprender um idioma é bastante tradicional, creio. Se alguém me diz que “I Love pinapples” significa “eu amo abacaxis”  e que “I eat carrots” significa eu “eu como cenoura”, provavelmente vou conseguir concluir sozinha como dizer: “eu amo cenouras”, “eu amo abacaxis” e até provavelmente “eu amo comer”, embora talvez cometesse algum erro gramatical. Essa deveria ser a forma lógica de aprender, certo? Mas do que adianta os tantos “deveria” na nossa prática. A verdade é que o que nós percebemos é que até mesmo alunos que se mostram muito inteligentes em todas demais áreas não conseguem mover as pecinhas do quebra-cabeça e fazer frases em Inglês simples como essas acima acontecer. Só podemos pensar que a aprendizagem para eles é processada de uma forma muito diferente.

Tenho a tendência de desanimar muito com essas dificuldades. Fico quase revoltada e quero quebrar tudo haha... Tudo ocorre por dentro de mim, não se preocupem. hehe Mas nosso papel não é encher nossas cabeça com: como isso é possível? Esse assunto X é tão fácil, imagina então quando chegar no assunto Y...” Perda de tempo e desperdício  de energia emocional se indignar com isso. Melhor ir direto ao que interessa: o plano de ataque. A partir de amanhã, postarei por alguns dias, sobre alguns problemas que noto em sala de aula e quais estratégias podemos experimentar para superar esses problemas.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

MISSÃO (SENDO) CUMPRIDA

   Um mês atras, eu finalmente comecei meu blog e me comprometi a escrever por pelo menos 30 dias pelo menos 5 linhas por dia. Estou feliz em poder dizer: cumpri minha promessa e meu objetivo de 5 linhas (conforme já suspeitava) foi sem dúvida superado e com folga. É uma sensação tão boa mostrar meu blog às outras pessoas, como se estivesse produzindo algo de relevante e algo que tem a minha cara.
    Sou da opinião de que não há nada como um dia após o outro. Alguém já falou isso antes que eu. Hoje me dou ao direto de ir poder ir dormir agora e pronta para continuar a postando mais amanhã. Confesso que não vejo a hora de ver alguns comentários brotando no final das páginas. Night night.

domingo, 19 de maio de 2013

QUAL É SEU REFÚGIO?



   Amanhã é segunda-feira........... Quando a segunda-feira já chegou mesmo de vez e eu já estou de banho tomado e de roupa vestida, já nem penso mais muito. Parece que já estou no modo piloto automático, daí engreno logo uma segunda, terceira... e quando vejo, posso respirar um pouco mais traquila quando chega a sexta. A semana inteira passando num paradoxo de segundos e séculos ao mesmo tempo. Como minha bloggeira favorita sempre diz: os dias são longos mas os anos são curtos. Mas viver nesse piloto automático é exaustivo e não está certo. O ócio é necessário. Foi na minha época de babá de crianças que mais pensei na vida, pensei em coisas mais profundas, estimulei minha criatividade, li muito, inventei mais coisas pra fazer... Foi uma fase muito produtiva.
    Amo língua, gosto de ler, gosto de descobrir palavras novas mas precisamos de um refúgio. A vida não é só isso e muitos dizem que o segredo é buscar atividades totalmente distintas daquilo que já fazemos profissionalmente: aprender a usar o photoshop, aprender a cavalgar, passar tempo ao ar livre, aprender um pouco de moda, fazer academia. E o tempo não é? Quando é que dá tempo? Acontece que é isso que é viver. Acho normal não ter tempo pra essas coisas durante uma semana ou até quem sabe durante um mês mas não é normal não ter tempo para essas coisas ao longo dos meses e muito menos, dos anos. 
    Não tenho filhos, ainda não tenho sérios compromissos na vida, é tão libertador saber disso. Amanhã eu poderia muito bem ligar para as escolas onde trabalho e dizer que não vou mais trabalhar e eu sei que o mundo nem acabaria. Não pra mim pelo menos... hehe Mas não vou fazer isso. Em primeiro lugar a Cali é responsável e faria as coisas tudo certinho. Amanhã é segunda-feira de novo e eu vou estar no mesmo bat canal e hora, sorrindo e ensinando Inglês. Mas estou viva e é maravilhoso saber que temos tanto a habilidade de persistir quanto de chutar o pau da barraca. Eu acho que sei fazer os dois. Deus me dê o discernimento de quando é melhor praticar o primeiro e quando é a hora certa de praticar o segundo.

sábado, 18 de maio de 2013

SORRISO AMARELO



   Depois da primeira prova que marca a metade do semestre nas aulas, eu procuro fazer uma sessão-encorajamento / chacoalhão com meus alunos. Um pouco de "you can do it" misturado com "you have to do it". Afinal, mesmo o desafio de aprender uma língua parecer tão monstruoso, tento mostrar que existe uma luz no fim do túnel. Mas ao mesmo tempo, temos um papo sobre quais são as estratégias extras que os alunos precisam adotar quando deparamos com algumas verdades incontestáveis. Uma delas é de que 3 horas de estudo em sala por semana estão longe de ser o suficiente para alguém se tornar fluente no idioma. Entrego a eles uma folha com 10 estratégias para melhorar o Inglês. Sobre isso pretendo postar mais adiante.
    Mas estive pensando numa coisa. Falamos tanto aos nossos alunos sobre assistir séries, ouvir músicas, usar websites para poder aproveitar ao máximo o potencial de aprendizagem. Oportunidades não faltam. Mas e nós professores? Vivo dizendo aos meus alunos que quem quer, acha um tempinho. E, de fato, ter encontrado ou criado esse "tempinho" pra escrever 29 posts no meu blog é prova disso. Mas também é verdade que eu poderia estar estudando Inglês de forma bem mais sistemática, planejada e calculada. Afinal de contas, o que tenho feito de realmente concreto para que minha a minha compreensão do idioma se aprofunde cada vez mais? Quando foi que aprendi a última expressão em Inglês e será que ainda lembro dela? Da mesma forma que sugerimos aos nossos alunos. A diferença é que já nos consideramos fluentes, não é? Mas isso, então, quer dizer que é ao chegar nesse nível que nosso cérebro já está ainda mais aberto a assimilar várias outras particularidades da língua. Não podemos ficar estagnados. 
    Decidi assumir o compromisso de ouvir uma música toda a noite, antes de desligar meu computador. Como parte da tarefinha, terei que reescrever uma frase da música que me chamou a atenção (seja pela estrutura, seja por uma nova expressão, seja para revisar algo que eu nunca uso autonomamente). Além disso, ainda criarei uma frase pessoal usando a mesma estrutura/expressão. Comecei com a música "She will be loved". O que aprendi? Como dizer sorriso amarelo em Inglês: broken smile. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

MÚSICA MÚSICA MÚSICA



     "A teacher trouxe música???" Eu poderia fazer uma coleção de marquinhas no calendário se eu anotasse cada vez que escuto essa pergunta. Já vinha dizendo isso num outro post e a verdade é que realmente os alunos não gostam de música, ele AMAM. Por outro lado, sabemos que não é possível trazer músicas para todas as aulas ou mesmo preparar músicas para todos os níveis. Mas uma estratégia eu tenho adotado e acho que sempre tem funcionado muito bem, parece mesmo captar a atenção e curiosidade dos alunos: apontar um ponto gramatical ou até mesmo vocabulário novo através de uma frase tirada de música. 
    Num dos meus grupos de adolescentes, o tópico que eu iria ensinar eram verbos que requerem ING x verbos que requerem infinitivo. Usei os seguintes exemplos:

"I want to be forever young." (Forever young - Alphaville) 
(want + infinitivo)
"I don't mind spending every day..." (She will be loved - Maroon 5) 
(mind + ING)

     Às vezes basta um toque simples assim à aula para os alunos sentirem que é de verdade, que afinal de contas gerúndios e infinitivo, mesmo sendo palavras esquisitas, existem no mundo real. Que se o gato do Adam Levine fala desse jeito, é porque deve ser assim mesmo. As portas se abrem, os neurônios se dão as mãos e uma linda história de amor entre alunos e gramáticas às vezes pode até acontecer. :-)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

NÚMEROS, MÁQUINAS, PAPEIS E CIA...



    Através da escola onde trabalho, também tenho algumas turmas in company numa empresa de Sistemas. E vou confessar um segredo: quando passo pelas mesas dos funcionários e os observo na frente dos computadores, concentrados, me dá uma certa inveja. Muitas vezes me questiono até que ponto eu prefiro o contato humano. Sexta-feira é o dia que não tenho aulas mas tenho que cumprir 3 horas na escola. Vou trabalhar com bastante vontade, tomar meu café, corrigir provas, preparar outras, procurar figuras, fazer jogos, resolver minha vida burocrática e não é pouca coisa... Tenho uma sensação tão boa em não precisar dar aulas, não precisar falar alto ou esbanjar sorrisos de graça. Gosto de ficar quietinha no meu canto, fazendo minhas coisas. Numa jornada de mais de 30 horas em sala de aula, penso que deve ser comum ter esse tipo de dilema. 
     Quando eu crescer, quero dar aula por umas 15 horas por semana e no restante do tempo, acho que vou ter que descobrir outra atividade do tipo com retorno financeiro. Conversávamos, uma colega e eu, que talvez a profissão de professora não seja 100% compatível com nossas personalidades. Desabafamos uma com a outra que somos introvertidas e lidar com humanos (com todo o respeito àqueles que estiverem lendo) nos esgota um pouco. Ser o centro das atenções, estar lidando com as pessoas sem ser de igual pra igual, quase como uma "animadora de festa" me suga. Acredito que dar aula seja gratificante e facilitar e acompanhar a aprendizagem de um indivíduo é algo muito particular da nossa profissão. Sei que eu sentiria falta disso se mudasse de carreira mas a verdade é que eu preciso ter tempo entre uma aula e outra para poder criar minhas expectativas, para quase poder dizer que estou "com saudade" de ensinar. Não existe amor ao ensino que sobreviva a uma maratona de mais de 30 horas de aulas. 
     Nessas horas, é que sinto falta de somente trabalhar com máquinas, números e outras burocracias. Poder olhar com cara feia, não precisar esconder meu mau humor e não puxar assunto com ninguém. Nessas horas eu trocaria as pessoas por máquinas sem pensar duas vezes.