sábado, 27 de julho de 2013

50 VEZES


 
    Várias perguntas na cabeça, procura pela inspiração, acordar 1 hora mais cedo pra pensar e conversar com meus botões na viagem de ônibus um pouco antes de começar. Primeira aula do semestre + primeira aula do primeiro nível de Inglês do curso. Ou seja, o Básico 1 caiu para a teacher Scarlett.
    Acho curioso que justo hoje eu esteja postando pela 50ª vez porque isso me faz pensar também que com certeza entrei mais do que 50 vezes em uma sala de aula em início de semestre. Mas se não bastasse ser o começo do semestre, para os meus alunos, aquilo foi o começo do começo. "Era uma vez o dia em que eu comecei a estudar Inglês...". Será que vou fazer parte dessa história?
    Ensinar Básico 1 pode ser a coisa mais frustrante e mais gratificante do mundo. Eu gostaria, de verdade, que dessa vez seja "A" experiência para mim. Pensar que eu posso ser aquela pessoa que contribui para dar o puxão definidor de libertação de um mundo monolingue preto e branco para um mundo bilingue colorido e em 3D que esses alunos vão experimentar. Daí a grande responsabilidade, daí a minha auto pressão para que fosse uma aula significativa e que definisse futuros. Essa poderia simplesmente ser a primeira aula de um dos vários cursos que esses alunos fizeram, fazem ou ainda virão a fazer. Mas também poderia ser a porta de entrada para um novo mundo se abrindo em frente a eles mesmo que... eu esteja cumprindo um papel que já treinei 49 vezes.

PERGUNTA: Qual pode ser sua contribuição como professor na primeira aula de Inglês de seus alunos? (Obs.: Receitas mágicas são muito bem-vindas!)

domingo, 14 de julho de 2013

SEMESTRE DO BALANÇO

     

    

      O que eu acreditava ser o mês do balanço talvez venha a ser o semestre do balanço. Nessa semana que passou tive uma notícia que determinará de maneira significativa o curso desse novo semestre que está começando. Sendo um pouco otimista talvez influencie também os próximos anos.
    Meu pedido de redução de horas foi negado. Significaria voltar a trabalhar nas condições sacrificantes e frustrantes em que eu vinha trabalhando nesse semestre que passou. Significaria  --> se eu permanecesse na escola e não tivesse pedido demissão. Mas, sim, eu pedi demissão e agora, oficialmente, vou trabalhar somente umas 10 horas dando aula nesse semestre. Obviamente, são poucas as pessoas que conseguem viver confortavelmente trabalhando 10 horas por semana e por enquanto eu ainda não sou uma delas.
     Digamos que sejam 15 horas de aulas por semana. E se... nesse semestre a minha decisão for de trabalhar formalmente na posição que ainda me define: teacher por apenas 15 horas? E no resto do tempo continuar tentando encontrar as tantas outras coisas que me definem também e que eu nunca seria capaz de descobrir numa rotina de 35 horas em sala de aula por semana. Tenho que dizer que em princípio a noticia me pegou um pouco de surpresa mas não foi preciso nem mesmo conversar com meu travesseiro para sentir uma grande paz, uma sensação muito forte de que algo muito bom ainda virá. E de acordo com a lei da física, dois corpos não pode ocupar o mesmo espaço. Para o novo chegar, o velho tem que sair.

terça-feira, 9 de julho de 2013

HORA DO BALANÇO



   Provas de dois semestres atrás viram reciclagem, as várias cópias extras de exercícios são organizadas (momento acompanhado por um sentimento de culpa por contribuir no desmatamento), clipes vão sendo re-aproveitados... Isso é ritual de final de semestre e preparada para chegada de outro. Amo rituais e amo recomeços. Com todo recomeço que se preze vem também um balanço que se preze. Quais foram então as lições que eu aprendi nesse semestre? Qual é a situação da "casa" e como posso arrumá-la para que venha o que tiver que vir?
    
     Minhas conclusões:

  1. Os alunos de níveis avançados parecem estar satisfeitos em geral com as aulas. Me fez sorrir quando escuta a tal da pergunta/comentário: "Ahhhhhh então não é a professora que vai continuar no próximo semestre? Que pena!"
   2. Existe uma forma universal, curinga, que sempre funciona para agradar em todos os grupos: música. Estratégia cliché? Estratégia barata? Naaaaada. Todos curtem.
    3. Tudo encorpora um outro significado quando o fator "competição" ou "recompensa" está no meio.
   4. Creio que conseguimos fazer progresso no aspecto: aprender a aprender.
   5. Uma boa parte dos alunos não são auto-motivados. Fato. O que vai fazer diferença é a minha atitude em ignorar esse fato ou procurar encontrar algo que esteja ao meu alcance para mudar essa história.
 6. Não existe aprendizagem significativa sem relacionamento. (assistindo a uma palestra do www.ted.com)
    7. Aprendi com a minha colega professora de Espanhol que é muito mais fácil ensinar depois que você já conseguir fazer o aluno gostar de você. Dá trabalho demais conquistar alguém apenas  pela qualidade do trabalho. A empatia é um fator que produz resultado mil vezes mais rápido.
   8. Realmente é necessário entrar no universo dos adolescentes. Tentar evitar o universo deles é pura perda de tempo, é dar murro em ponta de faca.
    9. O meu estilo é um pouco mais rigoroso mas uma chance, um voto de confiança, um ato de misericórdia aqui e outro lá nunca matou ninguém.

     Termino meu balanço fechando em 9 lições. Meu número favorito é 11 mas em homenagem a uma das pessoas que mais me incentiva a escrever, fico com um número 9. E por fim, para quem não sabe, “fazer um balanço, refletir sobre os resultados” em Inglês falamos “take stock”.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

QUERIA SER UMA MOSQUINHA...

     
 

     Esses dias comentávamos uma ex-colega e eu, como seria bom se pudéssemos ser uma mosquinha na aula de outros professores. Aquela sensação de necessidade de comparar minha aula com a dos outros e até mesmo de olhar a minha aula do ponto de vista do aluno. Como eu enxergaria minha própria aula se tivesse sentada no banco do aluno e tendo tido aula com vários outros professores. Como é a minha aula? Quando trocam comentários entre si sobre os professores, fico pensando o que meus alunos falam de mim. A questão não é falar bem ou falar mal mas o que é que me define? Quem é a teacher Cali? "É aquela professora que fica vermelha por qualquer coisa...", "É aquela que manda a gente decorar uma lista de 3 páginas de verbos...". "É aquela que é um pouco mais séria..." "É aquela bem exigente...", "É aquela que dá uns exemplos engraçados...". O que me define? Qual é a minha marca registrada?
     E nesse sentido, eu sinto, sim, uma falta de poder comparar minha aula com outras. Não sou aluna já faz bastante tempo e a verdade é que às vezes tenho impressão que meu método de ensino tem sido bastante intuitivo e de certa forma, temo que um pouco aleatório. Não quero voltar às aulas em agosto sendo exatamente  a mesma teacher Cali de sempre, apenas repetindo uma técnica ou outra. Julho tem que ser um mês de lições de casa pra mim: uma busca maior de identidade. Daqui exato um mês, prestes a começar outro semestre letivo, voltaremos a ter essa conversa, tomara que com algumas descobertas.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

DESISTIR FAZ BEM PRA SAÚDE



      Às  vezes não percebemos o quanto nos escravizamos com essa enxurrada de tarefas, missões, alvos que impomos a nós mesmos. E quando você percebe que não consegue mais lembrar porque decidiu se empenhar tanto em algum projeto, é hora de repensá-lo. 

   Essa noite, sonhei que, além de todo o trabalho que eu tenho pra fazer na minha atual rotina, ainda trabalhava no meu primeiro emprego: uma padaria. Mas a única coisa que lembro desse sonho é minha mãe dizendo: "Cali, tu não precisa fazer isso. Por que ainda está trabalhando aqui?" E na mesma hora, sem pensar em mais nada, aceitei essa observação tão prontamente como eu aceitaria um pote de meio litro de sorvete. "É verdade... eu não preciso disso". Foi libertador me dar conta do nada de que talvez eu estava me auto sabotando, que tudo iria continuar dando muito certo mesmo sem aquele emprego.

   Fico pensando o quanto a vida pode continuar dando certo ou dar muito mais certo sem algumas auto-imposições que já não tem mais fundamento: aquele aluno particular que te dá mais dor de cabeça do que outra coisa, a carga horária explodindo, aquela atividade bem dinâmica que os alunos gostam mas que não vai dar tempo de preparar, o blog que você queria escrever todo dia mas que tá dando mais trabalho que o imaginado. E mais do que isso tudo, é libertador saber que tudo bem se eu desistir de ser professora por um tempo e também vai ficar tudo bem se eu desistir pra sempre também. Pensar que esse blog era pra falar sobre ensino mas às vezes penso que o último post dele um dia poderá ser pra dizer que algo como: deixei de ser teacher... por enquanto.

terça-feira, 2 de julho de 2013

HUMILDADE

 


     Nós seres humanos, seres e estares. Seres intrigantes e contraditórios. Comecemos por mim.

     Ao mesmo tempo que eu tento ser "mais eu" e não me abalar com o que os outros pensam de mim, a verdade é: quem é que mesmo realmente não se importa com o que os outros pensam de si? O que na realidade muda de uma pessoa para outra é O QUE importa. Um bom tanto de coisas incluindo: a marca da minha calça, se minhas roupas tão na moda, se a música que eu escuto é "cool", se a minha opinião é a mesma que da maioria... realmente não é fonte de preocupação para mim. Não me faz muito menos feliz saber que nem todos curtem essas características a meu respeito. Mas... a verdade é que ao mesmo tempo, sou amedrontada por alguns outros fantasmas.

     Ao sair do meu trabalho, recebo um e-mail encaminhado de uma mãe de aluna que, nessas palavras, disse estar indignada por a filha ter reprovado sem que ela tivesse sido alertada ao longo do semestre que a filha apresentava dificuldade. Disse que questionava as aulas de uma professora que reprova tantos alunos e se isso seria um sinal de que essa professora estava reprovando seu próprio trabalho. Que balde de água fria. Taí: fiquei abalada, fiquei triste, me sentindo humilhada, decepcionada e fragilizada. Pensei comigo: "não é toda opinião alheia contrária que me atinge desse jeito." Por que será alguns eventos tem o potencial de me deixar tão pra baixo?

     Mas a conclusão que cheguei hoje, agora a pouco, caminhando para casa e pensando no que dizer amanhã no telefonema que darei a dela, é de que a honestidade e a humildade serão a melhor política. Eu poderia adotar uma postura totalmente defensiva ou até mesmo agressiva (que às vezes ocorre quando no fundo eu sei que tenho minha parcela de culpa)e assim, passaria a perder ainda mais o respeito. Ao contrário disso prefiro fazer algo mais honrável: admitir minha parcela no erro. Humildade abre caminhos, derruba e constroi muros, baixa a guarda, quebra o gelo, quebra preconceitos e expectativas erradas. Talvez esteja faltando um pouco e é claro que não me agrada reconhecê-lo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

DRAMA DE FIM DE SEMESTRE...


     De volta nesse universo. Férias escolares começando = minhas férias do blog terminando. Não vou dizer que estou feliz da vida hoje. Foi uma última semana de finalizar atividades e finalizar atividades e semestres letivos significa vir com aquela notícia temida por muitos. A notícia de que terão que repetir de nível. Tenho me sentido um pouco oprimida pelo peso e a pressão que os alunos transferem ao fato de passar ou não passar.
    Afinal de contas por que é tão dramático ter que repetir o nível na escola? Tantas coisas que eu precisei e preciso praticar mais do que a maioria dos mortais. Precisei fazer um segundo teste psicotécnico, teste teórico e teste prático para hoje poder dirigir, preciso ver um filme como "Efeito Borboleta" mais de uma vez para entender, tantas e tantas coisas que não tiramos de letra de primeira. No entanto, na última semana tenho enfrentado olhos marejados de alunos frustrados, telefonemas de pais intrigados ou meio inconformados que facilmente me põe pra baixo. Comentei com meus colegas que profissões do tipo médico que precisa comunicar ao paciente que ele tem pouco tempo de vida não poderiam nunca chegar nem perto das minhas opções de carreira.

sábado, 15 de junho de 2013

FÉRIAS DE JUNHO


    
     Estava feliz com o "aniversário" de um mês do blog e agora já completa aniversário de duas semanas sem posts. Aquele sentimentozinho de culpa vira e volta por eu não estar honrando com meu compromisso. Eu descobri que me diverti, sim, com a brincadeira de postar todos os dias sobre algo que faz tão parte de mim quanto dar aula. E acho, mesmo, que a alma do "negócio" está na consistência, em postar todos os dias, na máxima de que todo dia algo relevante acontece, uma ideia surge, um sentimento se revela, uma descoberta é feita.
      Cada dia que passa, estou mais feliz pela minha decisão de trabalhar menos no próximo semestre. E como agora estou nessa fase tenebrosa de fim de semestre, eu me auto instituí minhas férias do blog nesse mês. Serão minhas férias de junho de escrever por aqui mas voltarei no dia 1o de julho. Voltarei ainda cheia de esperança de que o regime "postarei pelo menos 5 linhas cada dia" continuará sendo levado à risca.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

TEMPO PARA...

      Há pouco tempo postei alguma coisa sobre a síndrome da segunda-feira. Não lembro exatamente o que eu disse mas algo sobre as semanas passarem voando e eu mal ter tempo de refletir sobre isso. Também lembro de ter falado algo sobre a necessidade de sentir "saudade" da sala de aula ou pelo menos, "desejo".
     Depois de um maravilhoso feriadão que só foi interrompido no sábado de manhã devido a uma aula que eu precisava dar, consigo até encontrar as forças e a motivação necessárias para começar uma nova semana. Aqui estou eu, domingo à noite, há poucas horas do início de mais uma maratona. E é justo nessas horas que eu percebo que esse é o sentimento certo: estou consideravelmente mais descansada para encarar o que vem pela frente e por isso me sinto ainda mais confiante sobre a decisão de trabalhar menos. 
      Estava pensando em coisas que eu gostaria de fazer durante a semana e que eu considero trabalho. Não ter tempo para fazer isso revela algo de muito errado sobre a nossa rotina de professor:
      - ler algum livro da área
      - começar a "xeretar" possibilidades de um mestrado na área para começar no ano que vem
      - melhorar meu próprio Inglês e ampliar meu vocabulário
    - analisar meus grupos de forma individual e propor exercícios específicos que  auxiliem nas necessidades que eles apresentarem
      - explorar outros nichos da minha área (aula de Português? tradução? revisora ou até mesmo colaboradora para uma publicação? - são respostas que só começam a surgir quando "nos damos" o luxo de ter um "tempinho livre". 
        Sem esse ócio, sem esse tempo vago entre as aulas vejo um grande perigo. Não acho que o maior perigo seja não conseguir respostas para os questionamentos. O grande perigo é que sem tempo, não há perguntas, não há reflexões, não há ideia do todo, não há evolução. 

terça-feira, 28 de maio de 2013

CARTA DE ALFORRIA



De aniversário, decidi me presentear com o presente mais bem-vindo nesse momento e de valor inestimável. O valor financeiro provavelmente poderia ser contabilizado: se trata de alguns mil reais mas vale a pena. Decidi que quero reduzir minhas horas em sala de aula de 35  para 23. Quando paro para pensar que estou em sala de aula por 35 horas por semana, eu vejo que isso nem é tanto assim e eu sei que muitos de vocês, professores, passam até mais tempo ainda em sala de aula. Mas quanto a mim, eu tenho a sensação de que estou em sala por umas 50 horas e não sei como os demais conseguem essa proeza. É um mistério! Daí penso, então, qual é o MEU problema? Como eu já disse em outro post, deve ter a ver com o fato de eu estar ligada a 55 volts no que se refere a preparar minha aula, por exemplo. Nem todas atividades relacionadas as línguas e até mesmo ao ensino me esgotam tanto. Estar em sala de aula, sim.

Porém, eu acho que é uma fase da minha vida. Estou sentindo a necessidade de ficar mais sozinha e fazer "minhas coisinhas", estudar, não usar tanto a minha voz, e pensar em outras alternativas. A possibilidade de trabalhar menos parece mesmo ter chegado na hora certa. O plano A era trabalhar muitas horas esse ano, economizar ao máximo e começar um projeto novo de vida ano que vem. Mas não vai ser possível levar esse plano adiante e é aí que apareceu meu plano B. Sabe aquela sensação de alívio, de perceber o quanto isso era necessário, que vem apenas depois que uma grande decisão foi tomada?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

AMIGUINHOS NA GRAMÁTICA

Ainda falando de diagnósticos, algo que eu acho muito importante é o trabalho de detecção de dificuldades comuns do grupo. Dois dos meu grupos de adolescentes tem 15 e 16 alunos cada. Um número consideravelmente maior do que eu gostaria com o qual acharia ideal trabalhar. Mas se esses são os limões que me foram dados, vou procurar fazer o que estiver ao meu alcance para que saia uma ótima limonada disso.
Um momento importante de análise é quando tenho as provas de todos eles e me ponho a identificar quais são os erros mais recorrentes. Em uma prova de passado simples que fiz com esses dois grupos, percebi ainda vários erros bobos em uma das questões. A questão se tratava de um texto com lacunas que deveriam ser completadas com a forma correta dos verbos fornecidos numa baixa. Nossos alunos estão tão acostumados a preencher lacunas feito robozinhos, a não precisar pensar, somente seguir modelos, que quando deparam com exercícios que exigem um pouco além disso, acabam dando respostas sem sentido. Muitas vezes, respostas que contradizem aquilo que eles já demonstraram saber nas demais aulas. Percebi que precisava de um plano B para que eles percebessem que "I went to the basement to DID the laundry" se trata de um desses assassinatos da linguagem humana. Sim, porque vai além de assassinar apenas o Inglês.
    Falei, brincando com eles, até mesmo porque vários fizeram o mesmo erro, que aquilo foi quase um enfarte para mim. Pensei então numa forma mais concreta e visual de expor essas conexões gramaticais impossíveis de fazer. Desenhei então um coração partido no quadro com vários elementos que não se encaixam: TO + verbo no passado; DIDNT + verbo no passado. Nos dois grupos, alguns alunos comentaram: "mas professora, você não mostrou isso antes da prova!" Por  um lado, esse comentário comprovou para mim que os alunos precisam de menos explicações e mais esqueminhas práticos. Uma parte de mim pensava: "é verdade, eu poderia ter falado disso antes..." mas outra parte pensava: "será que isso não é sinal de que tem algo muito mais grave por tras? Se eu preciso até explicar que to não é usado com did, então tem muuuito mais coisas que eu deixei de explicar porque pra mim são o óbvio do óbvio. Dá um pequeno desespero la por dentro quando esses erros colossais sem pé, braço, cabeça e barriga aparecem. Mas o que interessam são as estratégias não é mesmo? Então é isso, vou continuando com a minha missão de instigar o raciocínio lógico (que ainda acredito ser a chave do sucesso) mas vou procurar intercalar com joguinhos de repiticao e coracoes partidos no quadro. Na medida que eu encontrar outros atalhos que estimulem mais sinapses do que o meu bla bla bla, continuarei postando. 

domingo, 26 de maio de 2013

MINA DE INSPIRAÇÃO



   De natal ganhei um livro chamado Soulpancake. Seria difícil descrever do que ele se trata mas acho que as palavras "fun, entertaining, random" definem a idéia do livro melhor do que outras palavras em Português definiriam. O tipo de livro que passar pelas páginas e observar os títulos e imagens já é uma terapia. Li o livro inteiro e descobri que há um site baseado no mesmo espírito do livro: reflexões sobre as grandes questões da vida. O tipo de filosofia da mais trivial à mais profunda. 
    Claro que dei um jeito de unir o útil ao agradável, ou seja, dei um jeito de usar esse site nas minhas aulas. Minha ideia surgiu porque esses dias um dos meus alunos manifestou o desejo de escrever sobre algum tópico mas disse que as sugestões de writting do livro não animavam. E, de fato, muitas vezes esse é um grande problema: a falta de motivação para escrever. Para eu ter demorado tanto para escrever um blog é porque escrever, para mim, é o exercício muito trabalhoso. Meu clique foi usar esse site como "gatilho" e inspiração para que os alunos desse grupo pudessem encontrar um tema que realmente despertasse o interesse deles. Sou da opinião que aquilo que não é relevante na nossa lingua materna também não é relevante em qualquer outro idioma. A "alma do negócio" é fazer com que o aluno se sinta engajado para se expressar. Gosto da ideia de oferecer várias opções de escrita e eles próprios decidem o que os atrai mais. E ideias é algo que não falta nesse site.

sábado, 25 de maio de 2013

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA



   Que grande bobagem e que engano achar que ser um bom profissional é manter distância e ser frio. Bem, se existir um contexto em que isso seja uma realidade... a sala de aula não é um deles.

http://www.youtube.com/watch?v=SFnMTHhKdkw

   Assistindo a uma palestra do TED com a educadora Rita Pierson, ouvi uma citação que vai ficar gravada na minha mente por um bom tempo: "Nenhuma aprendizagem significativa pode ocorrer sem um relacionamento significativo." (James Cornor)Gasto horas da minha carreira pensando em estratégias, qualidade dos livros didáticos, atividade de revisão de conteúdo, músicas, etc. Quando na realidade, tudo isso só irá fluir e ter algum apelo aos nossos alunos, a partir daquele clic que conseguirmos causar, aquela química, quando finalmente o canal de relacionamento é aberto e o mundo passa a ter outra cor para o aluno. Podemos comparar com uma história de amor que parece ter o ritmo devagar-quase-parando quando aquele fator da química ainda não é realidade. Pode haver flores, ligações telefônicas, altos esforços mas quando ainda falta um algo a mais, falta tudo.
   A relação ensino-aprendizagem também é jogo de conquista. Vejo que qualquer outro investimento na eficácia de uma aula pode representar trabalho em vão se não houver uma relação afetiva que dê sentido ao processo como um todo. Aquela história do balde furado ou de dar murro em ponta de faca. E nesse quesito, acho que estou me permitindo a ganhar um chacoalhão. Por muito tempo quis ser respeita pela minha rigidez e o grau de exigência das minhas aulas. E acho mesmo que temos que aproveitar ao máximo o potencial que dispomos de tempo, recursos e capacidade / disposição dos alunos. Mas primeiro é necessário conquistar a confiança e a admiração deles ao invés do medo. Uma vez rompida essa barreira, creio que temos terreno para começar a plantar algo.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ORDEN(S)



   Identificar problemas é uma arte. Sem essa capacidade, nos vemos feito baratinhas tontas, tentando concertar todos os furos e tapar buracos de forma temporária. Um trabalho que nunca termina e às vezes algumas medidas simples na metodologia fazem as aulas fluírem mais tranquilamente. Algo que tenho aprendido é que os alunos esperam receber ordens, eles estão acostumados a serem mandados. E por mais que a gente gostaria de pensar que os hábitos de estudos adquirido por eles deveriam ser autônomos, isso está pouco perto da realidade. Já é um sonho se tratando de adultos, quem dirá de adolescentes. 
     Por isso, tenho procurado estipular objetivos, tarefas mais palpáveis. Então, em vez de dizer: "estudem os verbos dessa unidade", estou fazendo algo mais concreto com todas as minhas turmas de básicos. Entreguei uma lista de três páginas de verbos (regulares e irregulares) em ordem alfabética e disse a eles que essa seria a lista de verbos que eu esperava que eles saibam até o final do semestre. Entendo que essas medidas precisam ser equilibradas com incentivos à autonomia também. Mas não custa nada esclarecer objetivos e mensurar resultados. Acho importante o próprio aluno poder ter a noção do quanto já sabe em Inglês, o que se espera que saiba, quanto ainda falta para chegar lá... E tenho feito menção à essa lista aula pós aula, vira e volta eles estão consultando. Eu me sinto mais segura e firme em relação àquilo que posso/devo cobrar deles. Eles também.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

ALGUMA COISA ACONTECE QUANDO...

   

     ... tem alguma coisa desse gênero envolvida na história: 
           JOGO 
             COMPETIÇÃO
                   DESAFIO
                        BALAS
                           MÚSICA
   
    Quando mais cedo percebermos que é dessa forma que conseguimos corpos e mentes presentes na aula, melhor. Já comentei que pela minha natureza mais nerd e tradicional de ser, é uma grande tentação resistir a tudo isso e achar que é uma bobagem. E eu concordo que faz parte do nosso trabalho treinar e estimular o nosso aluno ao pensamento abstrato e a se auto-ajudar para aprender alguma coisa mesmo quando não pareça tão divertido. Às vezes tenho a sensação de que hoje há uma cobrança e expectativa cada vez maiores para que o contexto de aprendizagem seja fantástico, colorido, mágico e indolor. Isso é uma mentalidade extrema muito perigosa que acarretará numa geração de estudantes mimados e mal-acostumados. 
   Mas não estamos aqui pra falar de exageros e sim, de equilíbrio e bom senso. No último post, falei sobre as limitações da abordagem de regras de regras no estilo tradicional. Creio que a abordagem explícita de regras é importante e não deixa de privilegiar vários de nossos alunos que possuem, sim, uma capacidade decente de abstração. Mas o que eu tenho pensado ultimamente é que ao invés de martelar muito no princípio que governa um certo uso da língua, talvez surta mais resultado, martelar na repetição e familiarização do aluno com esses usos. Ou seja, ao invés de, sempre insistir na mesma tecla de que o auxiliar para he/she/it é does, talvez seja mais eficaz enfatizar o uso na prática através de vários contextos: jogos que contemplem o uso repetitivo de uma certa estrutura, uma música que os alunos gostem cujo refrão tenha o does e se repita ao longo da música, etc.
    Pensei numa atividade com a sala divida em duas equipes estilo mistura quebra-cabeça e jogo da memória. O quadro seria divido em duas colunas. A primeira coluna teria vários cartões de papel com começo de sentenças/perguntas viradas para baixo, ou seja, cartões com a parte escrita do lado de dentro. Os alunos escolheria os cartões sem saber o que está escrito como um jogo da memória. A segunda coluna teria vários cartões de papel com possíveis continuações das sentenças/perguntas da primeira coluna. Nessa atividade o objetivo seria: encontrar a segunda metade correta para a primeira metade da sentença/pergunta + explicar porque a junção das duas partes é/não é possível. Ex.

  WE DIDN'T           +             STAY THERE.    

     A equipe deve dizer se essas partes podem formar uma frase e por que. Para esse exemplo diriam que a frase possui um auxiliar de passado + um verbo na forma base. (Bem, hehe provavelmente eles irão usar outras palavras.) 

  DID YOU           +             STAY THERE. 

    Já nesse caso se trata de um auxiliar que indica pergunta. Uma vez que a segunda parte não apresenta o ponto de interrogação, essa junção não é possível.

   A equipe poderia fazer: 1 ponto quando conseguir formar sentenças/perguntas, 1 ponto quando souber traduzir (independente de a junção das partes ser possível ou não), 1 ponto se souber explicar porque é possível ou não juntar as partes. Essa se trata de uma atividade bem focada na estrutura gramatical mas com a vantagem de que os alunos vão se sentir muito mais motivados a "investigar" cada caso.  Poderíamos achar que o mesmo resultado seria obtido se simplesmente estivéssemos, nós, lá na frente do quadro escrevendo frases e fazendo perguntas. Com certeza não. Alguma coisa acontece quando, com o nosso jeitinho talentoso, conseguimos transformar uma sessão de bla-bla-bla em jogo. Talvez um jogo seja a forma que um aluno (principalmente adolescente) pelo menos em algum momento assuma o papel da responsabilidade que ele deveria ter durante todo o resto da aprendizagem.